Outro dia um amigo, italiano, insistiu que Maradona, “lógico”, é melhor do que Pelé. Eis o argumento do maledeto: “eu vi o Maradona jogar. Você gosta do Pelé porque cresceu ouvindo que ele é bom.” A discussão, claro, terminou em pizza (literalmente), mas me fez pensar. Poxa, não vi o Pelé jogar da mesma forma que jamais fui a um show de Frank Sinatra ou vi o lançamento de “Casablanca” nos cinemas. Mas, nem por isso, ouso ignorar ou comparar a importância desses ícones. Mais ainda, nem por isso tenho qualquer resistência em apreciá-los, seja pela inocência de sua arte ou pura magia mesmo. E pode ser que esta “aura” em torno do que Pelé foi em campo me impeça de misturar passado e presente sempre que algum “gênio” aparece por aí. Mas, enquanto futebol for paixão – e para mim é só o que é – eu prefiro apenas admirar os dribles dos outros, jamais comparando-os com os do Rei.
Ídolos do futuro?
Olha aí Zidane com Maradona e Pelé, em um anúncio da grife francesa Louis Vuitton. Pode ser que o careca da foto – e não os “velhinhos” lá atrás – seja o “melhor do mundo” para meus netos, que discutirão com os colegas, fãs de Messi, qual dos dois merece o título. Mas, quer saber? Meus olhos continuarão brilhando mais ao ver os dribles do Rei, mesmo com tudo que ele fez (e faz) depois de aposentado, mesmo em um vídeo antigo, em preto e branco.
Coluna publicada em 25/04/2010 no jornal MAIS