Nosso jeito de torcer

Minha amiga Juliana não sai de casa sem pelo menos um batom, morre de medo de tomar chuva, por causa da escova, e, quando fica nervosa, chora de raiva, mas jamais levanta a voz. Outro dia fomos ao estádio, sem nenhum homem à tiracolo. Divertidíssimo. Ficamos no meio de uma torcida organizada e ajudamos a balançar uma daquelas enormes de lindas bandeiras várias vezes. Ao nosso lado, duas senhoras, frequentadoras assíduas dos jogos, xingavam sem dó a zaga do time. Logo à frente, um casal tirava fotos e mais fotos dos filhos pequenos, todos devidamente uniformizados. Nossas conversas durante a partida tratavam desde o meia que não dominava uma bola até o moreno interessante da fileira abaixo. Ju, que não tem uma camisa oficial, usou um cachecol com as cores do time. Porque, por mais que ela ame futebol (e ela ama!), “essa camisa largona não rola, Paula”.

Qual o problema?

Tenho percebido uma coisa em mulheres que gostam de futebol: arrogância e preconceito. É como se entender de um esporte tradicionalmente masculino as tornassem “diferenciadas”. E então aquelas que mal sabem que existe uma Série B são tidas como ignorantes que perpetuam o estereótipo da “mulherzinha”. Será que, em vez de copiar o jeito masculino de torcer, a gente não pode simplesmente criar o nosso? Com chapinha e cachecol?

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