Eu já fui gordinha. Pronto, falei. Gordinha quanto? Bom, digamos que eu voltei de uma temporada fora do país e minha mãe não me reconheceu. É, pode dar risada. Parentes agendavam visitas para ver a “obesa” de perto. Amigas tentavam camuflar o choque com frases como “ai, nem tá tão gorda, vai”. E eu me esforçava para agir como se acreditasse. De comprar roupas a flertar na balada, tudo exigia uma dose extra de autoconfiança, em um esforço contínuo de se mostrar “bem”, “segura”. Um ano e muitos “não, obrigada” depois, perdi os quilos que tanto me incomodavam. Sim, emagreci porque estava infeliz com aquelas formas (redondas!), mas confesso que muito da minha força de vontade e disciplina veio da cobrança social. Apesar de às vezes cruel e insensível, a torcida acaba nos impulsionando para tomar uma atitude que, sabemos, nos fará bem. Foi em grande parte graças aos “corneteiros” que hoje finalmente me sinto “bem” e “segura”.
Juro que tentei
Eu tentei defender o Ronaldo. Dizia que para um jogador como ele alguns quilos a mais não faziam diferença, que ele já havia superado tantos desafios nessa vida que esta fase “mais cheinha” era coisa passageira, que eu não estava nem aí para o peso dele, porque, bom, ele é o Fenômeno! Mas quando o vi no treino semana retrasada… Poxa, Ronaldo, toma jeito e perde essa barriga! Não quero te ver dizer “não, obrigado” ao futebol, só mesmo ao chorizo do Pobre Juan (restaurante em São Paulo).
Coluna publicada no jornal MAIS em 15/08/2010