Ao ataque! Mas com calma

Por mais diferentes que sejamos uns dos outros, há coisas que absolutamente ninguém gosta: tomar gol é uma delas. Assim, por medo da derrota, nos armamos na defesa, sem tirar os olhos da bola ou do adversário. Seria um bom plano se, ao fazer isso, não boicotássemos nossa própria chance de vitória. Afinal, quem passa a vida na defesa, jamais domina o placar, apenas aceita e agradece o resultado que os outros, melhores ou piores, com mais ou menos sorte, proporcionaram. Seguro? Sim. Emocionante? ZzzZzz…

A ideia não é tentar marcar por insistência – até porque não é assim que funciona. Chutar por chutar, torcendo para que, em uma dessas tentativas, a bola entre, não leva à vitória, mas à frustração. Além disso, na afobação, perde-se a beleza do drible, da bola colocada, daquele entrosamento inteligente que silencia a torcida, tamanho o encantamento.

Para os que vivem na defesa, arriscar é um martírio. Já os atacantes por natureza pecam pela impulsividade. Como encontrar o meio-termo? Quem sabe focando não na bola, no adversário ou mesmo no gol – mas no jogo.

Como diria Parreira: “o gol é um detalhe.”

Clássico do ataque

O jogo de domingo (17) entre São Paulo e Santos, no Morumbi, promete. O Peixe, bom, tem aquele ataque de meninos que jogam muito – e daquele moleque que joga mais ainda. E o tricolor, sob o comando de Carpegiani, entra em campo com Lucas, Dagoberto e Ricardo Oliveira na frente. Ficar na defensiva? Não é sequer opção. Só resta descobrir qual dos dois tropeçará na afobação – e na pressão – de ganhar o clássico…

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Jogadores ‘imprestáveis’

Todo mundo ou ninguém é substituível? Pense nos seus colegas de trabalho. Quantos, se demitidos, realmente fariam falta? Você faria falta? Ou, com alguns meses de treino, outra pessoa poderia desempenhar a sua função com a mesma qualidade e comprometimento?

E então você se questiona: como poderia me tornar insubstituível? Uma maneira é centralizar as grandes decisões em você. Menosprezar a capacidade dos colegas em fazer escolhas acertadas, bradar suas vitórias e tornar o time, de certa forma, dependente da sua atuação. Injusto com a equipe? Extremamente. Repressor quanto a novos possíveis talentos? Muito. Mas, como o que importa é subir na tabela e como, no fundo, você sabe que é, sim, substituível, você perpetua o coronelismo/populismo que o lançou à categoria de “lenda”.

Outra maneira é simplesmente ser muito bom no que faz, mostrar-se de fato preocupado com o grupo, transbordar paixão pelo ofício e saber que até os grandes líderes podem ser trocados. A diferença é que, estes, além de virarem referência, não são jamais esquecidos.

Rogério Ceni = ídolo

 
“O Sócrates é invendável e imprestável”, já dizia Vicente Matheus. O Dagoberto, do São Paulo, por exemplo, é um cara que faz diferença em campo, como visto no jogo do Tricolor contra o Atlético-GO (e primeira vitória do técnico Sérgio Baresi), na quinta (2), mas não é “imprestável”. Se ele sair, outros brilharão. Agora, Rogério Ceni… este, sim, soube se tornar inesquecível.