Questão de hierarquia?

Esse lance de hierarquia é um problema para mim. Não só porque minha relação com “superiores” sempre foi de amizade e diálogo, nunca de medo, mas também porque eu acho essa coisa de “respeitar a autoridade de fulano” repressora demais para a minha concepção de como deveriam ser as relações humanas. Dos meus pais aos meus chefes, sempre respeitei quem me respeitou e, mais ainda, quem me mostrava, diariamente, com suas ações e exemplos, por que ocupava a posição que ocupava.
Afinal, existe uma gigantesca diferença entre ser respeitado e ser temido. Quem prefere ganhar na base do grito e, convenientemente, confunde silêncio com respeito, obediência com admiração, jamais vira ídolo. Arrogantes e fúteis, passam a carreira imersos em sua glória solitária. O verdadeiro líder, livre da insegurança dos que se sabem medíocres, consegue o respeito almejado simplesmente… fazendo um bom trabalho. Em uma rotina que enaltece o talento dos outros, absorve críticas construtivas e assume erros com a admirável coragem dos que se permitem mudar de opinião. E então a hierarquia aparece de forma tão natural que, de imposição, vira necessidade.

A decisão do (agora) ex-técnico santista Dorival Júnior em não colocar Neymar para jogar contra o Corinthians, na quarta (22), não era só uma questão de punir a “malcriação” do craque. Tratava-se de se estabelecer como o líder que, ao contrário do moleque que recorre à arrogância para marcar território, sabe como agir para que todos o reconheçam como o único e verdadeiro chefe do grupo. Infelizmente para o recém-desempregado Dorival, a diretoria do Santos abraçou a causa daqueles que, como os caciques da Vila Belmiro, preferem impor sua hierarquia na base do grito ou, nesse caso, da demissão.

Ah, e só lembrando: o Corinthians venceu a partida por 3 x 2, mesmo com um gol de Neymar, que jogou os 90 minutos.

Publicidade